Morre aos 77 anos o ex-prefeito Célio Luquini
Morreu na tarde de terça-feira (22/4), aos 77 anos, o ex-prefeito Célio Luquini. Depois de enfrentar vários problemas de saúde nos últimos tempos, Luquini teve um infarto enquanto submetia-se a procedimento médico em Divinópolis e não resistiu.
De origem humilde, Luquini nasceu em Abadiânia/GO em 02.07.1947, filho de Pedro Luquini e Raimunda Luquini. A família mudou-se para Bom Despacho/MG com ele ainda pequeno. Estudou no Colégio Tiradentes, formou-se em Contabilidade, foi servidor da Prefeitura Municipal e graduou-se em istração de Empresas. Fez parte do movimento Roda Viva, liderado pelo padre Jayme Lopes Cançado, que marcou a vida social cultural e política de Bom Despacho.
Célio ingressou na vida política como vereador, tendo sido eleito por dois mandatos. Foi prefeito de 1983 a 1988 e de 1993 a 1996. Depois disso trabalhou na Prefeitura de Belo Horizonte e, posteriormente, foi secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Agricultura na gestão Fernando Cabral. Atualmente estava aposentado.
O velório de Célio Luquini acontece nesta quarta-feira, de 9 às 12 horas na Câmara Municipal e de 12 às 17 horas no Velório Municipal. O sepultamento será feito às 17 horas no Cemitério Parque da Esperança.
Amigos falam de Célio Luquini
O iBOM ouviu depoimentos de pessoas que conviveram com Célio Luquini enquanto ele foi vereador e prefeito: Aelson Zuca Lobato, Domingos Sávio de Oliveira, Vander André Araújo, Fernando Cabral e Tadeu Araújo – estes últimos também colunistas do Jornal de Negócios. Veja abaixo o que disse cada um deles. Embaixo da reportagem você encontra também comentários postados por leitores.
Foi um prefeito honesto e correto
“Eu defino o Célio como um líder popular, carismático, que veio do povo, com visão de um grande político e empreendedor. Nos seus dois mandatos ele fez uma transformação na cidade. Isso numa época difícil. O bairro São Vicente, por exemplo, teve um grande avanço graças ao Célio Luquini, que teve um olhar muito atento para as necessidades das famílias daquela parte da cidade.
Mais que isso, Célio foi um prefeito honesto e correto. Tinha muita preocupação com os servidores e com as pessoas de forma geral. Não tinha esse negócio de inimigo político. E era dono de uma memória espetacular. Bom Despacho tem muito que agradecer ao Célio Luquini”.
Domingos Sávio de Oliveira, 68 anos, contador e advogado, ex-secretário de Finanças na gestão Célio Luquini
Estava sempre disposto a conciliar
Convivi muito de perto com o Célio. Uma das características mais notáveis dele era sua humanidade. O Célio não era de guardar mágoa. Estava sempre predisposto a conciliar ou a reconciliar. E essa é uma característica importante nos homens públicos. Afinal, o poder na mão de pessoas rancorosas traz muitas consequências negativas.
Célio sabia conviver e respeitar os adversários políticos. Essa capacidade é um belo exemplo deixado por ele. Falava muito e de forma apressada – este era o jeito dele -, mas sabia ouvir sempre. Era muito humano.
Como deixou muitas conquistas. Célio não fazia do cargo de prefeito um trampolim para ganhos pessoais, mas para promover o bem da comunidade.
Aelson José Zuca Lobato, 80 anos, professor, advogado, ex-vereador e secretário de Meio Ambiente na segunda gestão de Célio Luquini.
Minha mãe seguiu o conselho do Célio
Lembro-me do Célio Luquini desde menino. Eu sabia quem era ele e o que fazia pela nossa cidade. Sabia também que já havia sido Prefeito. Para mim, era um exemplo de homem público, comprometido com o progresso da nossa cidade. Minha iração por ele só aumentou com o tempo, especialmente ao ver a amizade sincera que nutria por minha mãe Celma, também servidora pública. Foi ele quem a ajudou, com generosidade, a garantir seus direitos na aposentadoria, permitindo que ela ficasse mais próxima dos filhos. Eu adorava visitá-la na Prefeitura e ouvir, ao longe, aquela voz rouca e inconfundível do prefeito: “Dona Celma, não deixe esse seu menino parar de estudar, não!.
Ela seguiu o seu conselho e eu segui em frente. Hoje, com tristeza, presto a ele esta homenagem póstuma. Seu nome já estava presente em vários textos do meu último livro, ‘Retratos Guardados’, e eu planejava entregar-lhe um exemplar com uma dedicatória especial. Infelizmente, não foi possível. Ele partiu hoje, e com ele, uma parte da história viva da cidade. Mas seu legado permanece, guardado em minha memória, em minha gratidão e nas páginas que escrevi pensando nele e no quanto ele participou ativamente da vida política, social e cultural de Bom Despacho”.
Vander André, 54 anos, advogado, filósofo, escritor e aposentado
Célio nasceu, viveu e morreu de forma modesta
“Servidor público e prefeito por dois mandatos, Célio fez parte de um grupo seleto de políticos: os honestos. Ele nasceu, viveu e morreu de forma modesta. Seu estilo de governar para o bem comum, com respeito à coisa pública é uma herança inestimável para todo cidadão que sonha em ver nossa cidade istrada por pessoas probas. O tempo fará justiça à sua história de vida. E é também o tempo que consolará seus familiares e amigos nesta hora de aflição e angústia”.
Fernando Cabral, 72, advogado, auditor federal e ex-prefeito de Bom Despacho
Seu nome será perpetuado
“O nome de Célio Luquini será perpetuado no coração e na história dos bom-despachenses como grande amigo e benfeitor de seu povo, sua gente. Deixará eternas saudades em todos nós”
Tadeu Araújo Teixeira, 82 anos, professor, ex-vereador e ex-secretário municipal de Cultura.
Veja abaixo também os textos postados no site pelos leitores Samira Araújo, Alex Souza e Pierre Gallery.
Reportagem iBOM / Foto de arquivo. Atualizada em 23.04.2025 às 10h47m
Célio tocava as pessoas pelo afeto. Ao me ver, sorrindo, com a mão no meu ombro me acolhendo, perguntava nominalmente por mamãe, papai e minha irmãzinha, Ciuslene. Fui professora de seus filhos e guardo com carinho histórias de sua família. Em sua primeira Campanha para Prefeito, junto com Rosemberg Rodrigues, visitou-me fazendo o convite para sair como vereadora em seu partido, apoiá-lo e ao Deputado Sérgio Ferrara. Um grande articulador político, um contador de causos! Com certeza, muitos filhos da terra jamais esquecerão essas histórias contadas por ele, o seu legado. Descanse em paz. Que Deus conforte a família.
Conheci o Célio Luquine no fim dos anos 70 nos tempos em que ele e o falecido João Libério do Couto mantinham um escritório de contabilidade no Edifício Bom Despacho; eu era um garoto e trabalhava numa sala naquela galeria. Com eles sempre o Rosemberg e o Zuca. Participei com eles de um amigo oculto de final de ano e ganhei, do João Libério, um disco de Gilberto Gil, com o sucesso “Andar com Fé”.
Foi naquela época que foi eleito prefeito da cidade pela primeira vez. Dava aulas também no Colégio Comercial de Bom Despacho. Nessa época era muito ligado ao falecido Deputado Sérgio Ferrara, do MDB, também contabilista, muito estimado em Belo Horizonte; vi eles com o falecido Tancredo Neves, na campanha para o governo de MG, quando ou por Bom Despacho, e discursou sobre a carroceria de um caminhão, que serviu de palanque defronte a Igreja da Praça Matriz.
Deus conforme a família e amigos. Vi ele pela última vez há uns 4 anos, no Restaurante Milhão, quando voltava de uma visita ao Sérgio Ferrara, que acabou falecendo.
Tenho umas fotos antigas de BD e o Célio “Labareda” aparece no time do Roda Viva no inesquecível Torneio de Pelada da Praça de Esportes AAB, no time da UMESBD (União de Estudantes Secundaristas de BD) e também no Time do Tiro de Guerra de 1966.
Célio Luquine,
Tive o privilégio não só de conhecer, bem como trabalhar com ele e virar seu amigo.
Quantas viagens na fazenda Rio Rancho do Newton Cardoso, em Pitangui, Eu, Célio, Rosemberg e João Libério, vários jantares no Restaurante do Boquinha após as reuniões da Câmara Municipal, nas segundas-feiras.
Uma agem, que não posso deixar de contar, minha saída da Prefeitura para o Banco Real e meu pedido pessoal de colocar, na época, minha namorada, hoje, por 36 anos minha esposa, Simone, em meu lugar, onde 35 anos dedicados a prefeitura.
Poderia fixar aqui, por horas, só contando histórias deste tempo.
Obrigado Célio.
Autêntico e transparente em suas ações e palavras, não havia fingimento ou hipocrisia em sua conduta, genuinamente comprometido, ouvia as necessidades e preocupações da comunidade e trabalhava para atendê-las, era um servidor público de verdade
Não se deixava levar pelo poder ou pelo ego, permanecia humilde e ível, mesmo diante de desafios e críticas.
Reconhecia seus erros e aprendia com eles.
Inspirava as pessoas a se envolverem na política e a fazerem a diferença, mostrava que a política pode ser uma ferramenta para o bem comum.
Deixou um legado de integridade e serviço público.
Era um amigo leal e confiáve, estava presente nos momentos importantes e nos momentos difíceis, era um ouvinte atento e um conselheiro sábio.
Vá em Paz!
Voz rouca. Memória irável. Cumprimentava alguém já falando sobre os parentes daquela pessoa, que conhecia muito, perguntando ao interlocutor como estavam aqueles parentes. Enquanto falava seus olhos dançavam ao redor cumprimentando os antes pelo nome, e saía proseando. Tinha um carro vermelho, antiiiggoo! Célio, do colégio Zé Vieira. O vereador mais votado na época. O prefeito vindo da massa. Plantou várias árvores na gestão do Cabral. Talvez para se redimir das centenárias árvores da Avenida São Vicente ceifadas na sua istração enquanto prefeito. Descanse em paz!